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Foto do escritorCecilia Leite

O relacionamento entre o Sol e a Lua

Temos um Sol e uma Lua interiores. Eles representam a raiz do masculino e do feminino dentro de nós, e sua conversa em nosso mapa natal vai, entre outras coisas, indicar como se dá o relacionamento interno entre essas nossas duas porções. E, por consequência, as situações externas vivenciadas por nós também acontecerão segundo esse padrão. Por conversa entre esses dois astros, entenda-se o posicionamento de um em relação ao do outro.


Quem me acompanha por aqui já deve ter lido outros textos onde o significado de cada um desses luminares foi bastante explorado. Em especial, o texto Sol, Lua, Ascendente, explica bem detalhadamente o simbolismo de cada um e a diferença entre eles. Mas aqui vamos olhar por um outro ângulo, e examinar mais detidamente a dinâmica que existe entre esses dois astros.


Quando Sol e Lua estão no mesmo signo estamos na fase da Lua Nova. Os dois luminares estão juntinhos, de mãos dadas, e o que acontece com um, afeta o outro. Eles nascem no horizonte ao mesmo tempo, e a luz do Sol não nos deixa enxergar a Lua. E, no poente, descem juntos novamente, fazendo com que as noites sejam escuras. Por alguns dias a Lua some. Mas como seu passo é bem mais rápido que o do Sol, rapidamente ela avança em relação a ele, se adianta, e uma semana depois já podemos avistá-la lá no alto depois que o Sol se põe. É Lua Crescente. Ela continua avançando pelo zodíaco, e em mais uma semana confronta-o face a face: quando um nasce, o outro está se pondo. Eles estão em signos opostos, e a tensão é máxima. A partir daí, a Lua começa a se aproximar do Sol agora pelo outro lado. Só vamos conseguir observá-la bem tarde da noite, quando ela estiver nascendo com seu filete iluminado pelo Sol. Já é a fase da Lua Minguante.


Esse baile acontece todo mês, e tem influência em todo o fluxo energético aqui na Terra. A diferença das fases mexe com o campo gravitacional e magnético, com as marés e com o curso das águas, inclusive as internas ao nosso corpo. Alterações físicas e emocionais nos acometem durante todo esse período, modificando nossos humores e nossa fisiologia. Na Lua Nova planejamos um novo ciclo, na Crescente colocamos em ação, a Lua Cheia traz à tona tudo que estava escondido para que possamos tomar a decisão do que irá permanecer e o que perderá a sua força, para na Lua Minguante a foice cortar tudo aquilo que não vingou. A esse período dá-se o nome de lunação, que compreende um ciclo completo da Lua.


Mas, além disso, temos uma fase da Lua impressa em nosso ser, aquela do momento do nosso nascimento. E essa marca energética é fundamental para indicar como iremos desenvolver temas importantes da nossa vida. Se temos um Sol e uma Lua em bom aspecto, nosso lado masculino e nossa parte feminina estão em paz, se apoiando mutuamente. Se estão em aspecto desafiador, então existe tensão e precisará haver um esforço para fazer uma conciliação. Muito da conversa entre nosso consciente e nosso inconsciente acontece de acordo com o relacionamento desses dois astros. A facilidade, ou não, de enxergar e lidar com a sombra também.


Quem nasce na Lua Nova, com Sol e Lua juntinhos, vive uma obsessão pelo signo onde estão esses astros. Se por um lado isso fortalece a expressão desse signo, pelo outro cria uma situação extrema, de céu ou inferno. Se tudo está andando bem com relação às intenções desse signo, então está tudo ótimo. Mas quando alguma distorção acontece então o desequilíbrio é total. Existe uma convergência de interesses, mas também uma dificuldade de ceder a outros pontos de vista. Lua Nova ainda é uma fase de semeaduras, e quem nasce nesse período tem muitas possibilidades de inícios durante a sua vida, pois está plantando as sementes. Quando nascem na fase escura, muitas vezes possuem um temperamento mais introspectivo, e assim como a Lua fica ofuscada pelo brilho do Sol, suas emoções ficam escondidas sob domínio mais racional do Sol.


Já os nativos da Lua Cheia tem a difícil missão de conciliar sua vontade racional, com suas necessidades emocionais. Ele quer uma coisa, mas se sente seguro com o oposto dessa coisa. Como Sol diz respeito ao arquétipo masculino primordial que carregamos dentro de nós, e a Lua ao feminino, esse aspecto de tensão entre eles demonstra um cabo de guerra entre essas duas energias. Não raro esse aspecto aparece no mapa de pessoas com pai e mãe separados, já que são eles as primeiras referências que temos de masculino e feminino. Quando não são literalmente divorciados, podem ser muito diferentes e exigir do nativo um esforço para harmonizar esse conflito dentro dele. Não podemos esquecer que o mapa se refere a energia individual, com os desafios inerentes a cada um. Pessoas e situações externas apenas refletem para nós as nossas próprias questões para que possamos enxerga-las e resolvê-las. Nesse caso então, os pais representam um espelhamento para que o nativo desenvolva um tema que já existe dentro de si. Nunca podemos colocar a culpa em situações externas, já que o mapa é nosso; cabe a nós lidar com as lições contidas nele.


As pessoas que nascem em Lua Cheia costumam ter emoções mais afloradas, visíveis e transbordantes. Elas percebem com mais rapidez o que lhes afeta, e conseguem expressar mais facilmente suas sensações e impressões. É uma Lua divulgadora, onde os nativos terão um talento para disseminar tudo aquilo que já aprenderam. Podem ser pessoas mais extrovertidas que não se intimidam e nem se incomodam com a exposição.


Quando Lua e Sol estão em quadratura, ou seja, fazem um ângulo de 90° entre eles, temos as fases da Lua Crescente e Minguante. Também são aspectos mais desafiadores, mas nesse caso a tensão não é óbvia, e muitas vezes não é tão fácil de identificar a raiz do problema, embora ele se manifeste de maneira intempestiva, sem dar chance para fuga. Aqui por exemplo pode haver uma diferença grande entre temperamentos e objetivos de vida de mãe e pai, mas não é uma coisa declarada. O nativo pode ficar muito incomodado porém confuso, sem entender ao certo o que se passa. Pode demorar a perceber os efeitos que essa tensão lhe causa, e justamente por isso, por não conseguir lidar com uma situação sobre a qual não tem tanta clareza, é pego de surpresa em situações que lhe colocam contra a parede.


Esses aspectos, no entanto, empurram a pessoa para frente. Os nativos da Lua Crescente enfrentam obstáculos que os fazem reafirmar os seus propósitos, e se tiverem persistência, irão crescer, construir e se desenvolver. Os nativos da Lua Minguante são confrontados a desapegar. Sua vida passa por muitas revisões de valores, onde eles devem se desfazer do que não faz mais sentido. Enquanto a Lua Crescente abre frentes, a Lua Minguante encerra ciclos. Por isso os nativos da primeira costumam ser mais ativos e extrovertidos, e os da segunda mais recolhidos e observadores.


Existem fases intermediárias, com suas características próprias, bem como existem nuances diferentes dependendo do signo onde se encontram esses astros. São muitas as informações que podemos obter observando somente a relação desses dois luminares.


Por exemplo, quando Lua e Sol estão em signos do mesmo elemento, e portanto formam um trígono (ângulo de 120°) existe uma harmonia bastante favorável entre eles. A Lua colabora para os objetivos do Sol, o emocional e o racional falam a mesma língua. Quando estão em signos muito diferentes pode haver um conflito do tipo quero ser livre, mas só me sinto seguro amarrado. Ou então: quero ter sucesso profissional, mas me sinto bem mesmo é em casa com minha família. São inúmeras as possibilidades, bem como infinitas as maneiras de conciliá-las.


O simbolismo que cada um desses luminares possui é vasto e profundo. Observar como eles se relacionam lá no céu no nosso dia a dia nos dá muitas pistas do ritmo aqui na Terra. Mas conseguir perceber como o nosso Sol e nossa Lua interiores funcionam, pode nos dar a grande chave para compreender melhor a origem de muitas de nossas questões.

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