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  • Foto do escritorCecilia Leite

As ervas em nosso equilíbrio energético

Uma das formas de enxergar nossas disfunções orgânicas, é através do desequilíbrio do calor e da umidade em nosso corpo. A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) se utiliza muito desse conceito, classificando as síndromes como desequilíbrios do yin (relacionado ao frio) e yang (relacionado ao calor) dos órgãos e das vísceras.


Mesmo sem entender profundamente a MTC, podemos nos beneficiar desse conceito, para classificar certos estados em nosso corpo. É fácil associar a febre ao calor por exemplo. Podemos entender que as inflamações e os estados agudos também se associam ao calor, enquanto que doenças crônicas tem mais relação com o frio. Uma prisão de ventre pode por exemplo acontecer por conta de uma secura no intestino. Ou um resfriado com muita coriza pode indicar um excesso de frio e de umidade. Assim, em cada situação, conseguimos perceber o balanço calor/frio e secura/umidade.


Mas nosso corpo não é estático, suas funções estão sempre alterando seu equilíbrio energético. Por exemplo, quando estamos fazendo a digestão, é necessário que haja uma concentração de sangue e de energia no sistema digestório para desempenhar adequadamente essa função. Aumenta o calor aí... É uma alteração circunstancial. Mas existem mudanças nesses padrões que ultrapassam a oscilação esperada e se tornam patológicas. Nesse exemplo, se o calor permanece nessa região, pode acontecer da pessoa começar a sentir azia, dor estomacal, e até uma gastrite.


Existe também o padrão de cada um. As pessoas não são iguais, e apresentam configurações energéticas bastante diferentes. Alguns tem um metabolismo mais acelerado, outros mais lento, cada um tem fragilidades em diferentes órgãos do corpo. Uns são naturalmente mais quentes, outros mais frios, uns tem tendência a ter a pele e mucosas mais secas, outros retém água com muita facilidade. O ponto de equilíbrio de uma pessoa é bastante diferente do da outra... E isso precisa ser levado em consideração.


Em cada situação, é preciso avaliar o que é a constituição típica do indivíduo, e o que é um desequilíbrio que pode se tornar patológico. A auto observação é extremamente importante. Conseguirmos perceber em nós a nossa energia fundamental, as flutuações sazonais que acontecem, o tipo de desequilíbrio que costumamos manifestar e em que circunstâncias eles acontecem, é fundamental para a manutenção da nossa saúde e do nosso bem estar.


Quando percebemos alguma alteração em nossos padrões, temos várias alternativas naturais para interferir antes de uma doença se manifestar, ou mesmo antes de algum medicamento ser necessário. As ervas são opções bastante viáveis, e que podem ser utilizadas de diversas formas como já descrevi no texto Um jardim de possibilidades. E elas também apresentam qualidades energéticas, como tudo o que é vivo. Essas virtudes podem ser transmitidas a nós, ajudando a nos trazer de volta para o equilíbrio.


As ervas podem ser classificadas de diversas formas. Uma das formas mais simples, e no entanto muito eficaz, é através da sua ação de esquentar, resfriar, secar ou umidificar o organismo. Assim, se percebemos que estamos com algum excesso, ou alguma falta, as ervas em suas diversas formas de utilização podem ajudar a equilibrar. Elas também podem ser classificadas quanto ao sabor: ácido ou azedo, adstringente, amargo, doce e picante. Nas medicinas milenares como a MTC (Medicina Tradicional Chinesa) e a Ayurveda, sabe-se que cada tipo constitucional tem relação com um determinado sabor, e cada desequilíbrio pode ser harmonizado por um deles.


Portanto, conhecer seu corpo, e conhecer as qualidades energéticas das ervas pode ser de grande ajuda. Já temos um conhecimento intuitivo que é bastante importante, e que às vezes não damos muita atenção. Ao consumir uma erva e uma especiaria podemos observar cuidadosamente qual a sensação que ela nos traz e qual o efeito que produz. Comer pimenta, por exemplo, quase todo mundo percebe que esquenta o corpo... Já o hortelã refresca...


O conhecimento intelectual através de leituras, cursos é extremamente importante. Mas desenvolver uma conexão com o próprio corpo e entender os seus sinais é ainda mais fundamental. Um mesmo sintoma pode ter várias origens. Por exemplo, uma dor de cabeça pode vir de um desequilíbrio no fígado, nos intestinos, no estômago, uma tensão muscular, falta de sono, calor excessivo no corpo, frio excessivo no corpo, corpo desidratado, problemas nos olhos.... Cada situação dessa precisa ser harmonizada por uma condição específica. Não adianta decorar que Hortelã Pimenta é bom para dor de cabeça. É necessário compreender a questão energética que está por trás do sintoma, entender (e sentir) o efeito energético de cada erva, e aí sim saber o que fará bem. Temos um sensor interno bastante apurado e normalmente nos inclinamos para aquilo que precisamos. Mas esse sensor precisa ser treinado e apurado para ser confiável.


A astrologia também lida com esses padrões energéticos. Signos e planetas também são classificados em secos, úmidos, quentes e frios. E, conforme a configuração do mapa, percebemos a constituição do indivíduo. Marte por exemplo é quente e seco, e uma ênfase aí pode predispor a pessoa a ter questões agudas, febres altas, um metabolismo mais acelerado. Completamente diferente do Saturno que é frio e seco, e predispõe a condições crônicas, demoradas (Saturno é Chronos, o senhor do tempo). O mapa natal pode ser analisado com esse olhar. Nele haverá a indicação inclusive da predisposição que o indivíduo tem a certas desarmonias. Conhecendo nossa constituição energética fundamental, entendendo como nosso organismo funciona, e conhecendo alternativas para nos trazer de volta ao equilíbrio , podemos evitar problemas mais sérios de saúde.


Quanto mais nos conhecemos, mais autonomia temos. Ninguém pode nos conhecer melhor do que nós mesmos. Por isso é fundamental trazer a atenção para o próprio corpo. Quando for saborear um chá, faça isso com atenção plena as sensações despertadas por ele. Sinta profundamente o gosto, e acompanhe como ele chega em seu estômago, como seu corpo o recebe... Perceba também como se sentiu depois... Experimente sabores novos, veja o que gosta mais e o que não lhe agrada, aumente seu repertório... Vá fazendo anotações e em breve você começará a perceber o que prefere em cada situação... Explore ainda outras formas de utilizar as ervas, como em banhos, escalda pés, na comida, ou apenas colocando um raminho na sua mesa de trabalho. Se abra para esse Universo... Existe um mundo de possibilidades para fazer você se sentir melhor em cada momento...

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