Existe uma fábula antiga, que conta sobre um leão que estava perdido de sua mãe, e acabou sendo criado por uma ovelha. Ele ainda era muito pequeno quando ela o encontrou, alimentou, cuidou dele, e o leãozinho cresceu rodeado por amigos carneirinhos.
Assim como seus irmãos, temia os leões, e uma vez, ao ouvirem um rugido muito forte, todos fugiram floresta adentro, inclusive ele. Mas em sua tentativa de escapar, se defrontou com um majestoso leão que o perguntou: "por que foges se és um de nós?"
Sem acreditar nisso, desconfiado, e ainda com muito medo, foi levado até um lago, onde pode contemplar sua bela face e se enxergar como um verdadeiro rei da selva. Pela primeira vez em sua vida, soltou um rugido muito alto, tomando posse do ser soberano que sempre existiu dentro dele.
Essa história nos faz refletir sobre quantas vezes deixamos de manifestar a nossa verdadeira essência e nos comportamos como carneirinhos, sem colocar a nossa voz no mundo, sem mostrar nossa altivez.
O Sol no nosso mapa astrológico rege nossa essência, aquilo que há de mais autêntico em nós. Fisicamente, rege o coração, o centro do nosso ser, a fonte da vida. Através dele, todas as nossas células podem ser nutridas e, mais do que isso, recebem a frequência única que nos é inerente. O seu pulsar imprime em cada célula a nossa vibração específica. O coração imprime nossa identidade em todo o nosso ser.
Leão é o único signo regido pelo Sol. Representa a autenticidade, a originalidade, a auto expressão. Nessa fábula, o leão representa muito bem essa retomada do poder pessoal a partir do reconhecimento e apropriação daquilo que é verdadeiro e legítimo.
Nem sempre conseguimos viver plenamente o nosso Sol natal, apesar de ser ele o centro do nosso mapa astrológico. Assim como no sistema solar os planetas orbitam ao redor dele, em uma carta natal tudo gira ao redor de satisfazer as necessidades do Sol. É ele que dá vida, que representa o motivo principal, a luz da consciência que deve brilhar no esplendor de sua intensidade.
Por que então muitas vezes não deixamos esse Sol se manifestar?
Porque somos levados pelo medo, por condicionamentos, hábitos (tudo isso muito relacionado ao conteúdo lunar), sem mencionar as imposições sociais, conveniências, e muitas outras coisas que podem parecer adequadas e confortáveis em algum momento, mas que impedem o pleno desenvolvimento de quem viemos para ser.
Quem não vive o próprio Sol carrega uma frustração constante, além de um sentido permanente de estar desencaixado e uma sensação de inadequação diante de qualquer coisa que a vida apresente. Quem não vive o próprio Sol não sente que está cumprindo aquilo que veio fazer, não consegue sentir realização, ainda que tenha fama, ganhos financeiros ou outros benefícios. Quem não vive o próprio Sol termina por ficar doente, já que ele é o doador da vida e representa a fonte da vitalidade.
Há quem não se alinhe com sua força solar por pura falta de autoconhecimento, por não conseguir naturalmente se conectar com aquilo que lhe soa mais legítimo. Nesses casos, a astrologia pode ajudar bastante nesse reconhecimento. Mas existem aqueles que não manifestam plenamente seu Sol por algum medo inconsciente, algum bloqueio interno ou externo. Nesse caso também, um bom astrólogo pode ajudar a elucidar muitos conflitos que estejam encobertos.
De qualquer maneira, é fundamental que haja essa percepção da própria essência e do próprio valor. Caso contrário, corre-se o risco de passar uma vida inteira comportando-se como uma ovelha, e negligenciando todo o potencial do leão.
E que fique claro que não há nada de errado com a ovelha, pelo contrário, ela é cheia de atributos maravilhosos, para quem é de fato ovelha. Um leão se passando por ovelha não é nem leão e nem ovelha, e esse é o verdadeiro problema.
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