Era uma vez uma moça que demorou muito tempo para conseguir engravidar, e estava com um desejo enorme de comer uma certa raiz que ela avistava, de sua janela, no terreno ao lado. Seu marido então pulou o muro e invadiu o quintal do vizinho para pegar um pouco da tal raiz e satisfazer a grávida. Acontece que o local pertencia a uma feiticeira, e ela ficou furiosa com essa atitude, dizendo que só perdoaria o homem se a criança lhe fosse entregue assim que nascesse.
E assim ele fez. Rapunzel (o nome da menina inclusive deriva da denominação da planta em questão) ficou então presa em uma torre, só acessada pela bruxa, por toda a sua vida. Era já uma moça, e seus longos cabelos loiros ficavam presos em tranças que serviam de cordas para a senhora subir e acessar o local.
Lá no alto ela cantarolava com uma voz tão bela que encantou um príncipe que por lá passeava. Ele viu como a feiticeira acessava a torre, e um dia chamou Rapunzel da mesma forma, e assim pode ir a seu encontro. Por algum tempo eles mantiveram um relacionamento assim, até que a bruxa descobriu e cortou as tranças de Rapunzel. Ela enganou o príncipe, e o atirou lá de cima da torre, fazendo com que, na queda, ele ficasse cego. Por anos ele vagou sem rumo, até que um dia ouviu novamente aquele canto que o havia fascinado. Era Rapunzel, que vivia em um deserto com os filhos gêmeos dos dois. Quando ela soube que ele estava cego, chorou, e as lágrimas que rolaram sobre os olhos do seu amado o curaram. E viveram felizes para sempre.
Esse é um conto cuja narrativa principal está relacionada ao cabelo de Rapunzel. Mesmo quem não conhece a história, certamente se recorda da frase: “Rapunzel, jogue-me suas tranças...” A identidade de Rapunzel está ligada ao seu cabelo dourado.
Cabelo está sob a regência de Leão, animal que aliás possui sua juba. Leoninos tem uma relação forte com seu cabelo, que muitas vezes são sua marca pessoal. Dourado também é associado ao Sol, comandante desse signo. Assim, Rapunzel, com sua cabeleira loira, pode representar uma força solar/leonina. Em outro momento do conto, menciona-se que o príncipe estava cego, e foi curado pelas lágrimas de Rapunzel. Os olhos também são regidos pelo Sol na Astrologia.
Rapunzel, quando estava confinada, tinha sua força representada pelos seus cabelos, que apesar de estarem presos, eram longos e dourados, e davam sustentação para a bruxa subir à torre. Era ela que estava lá no alto, e que dava o suporte para quem subia. O cabelo era a sua identidade e a sua força. Cortar o cabelo significou tirar o seu poder.
Da mesma forma, o príncipe sem Rapunzel, não via sentido na vida, ficou cego, e só voltou a enxergar quando ela reapareceu. Foram as lágrimas dela, derramadas sobre os seus, que fizeram com que ele revivesse. A essência de um, em conexão com a do outro.
O Sol em nosso mapa astrológico indica aquilo do qual não podemos abrir mão, que faz parte da nossa essência e está ligado à motivação que temos para viver. É a luz que mostra o caminho, e sem a qual vagamos sem rumo, como o príncipe cego pelo deserto. Por mais que nosso mapa tenha muitos pontos e aspectos, o posicionamento do Sol jamais pode ser negligenciado, pois é ele que vitaliza todo o resto. Assim como todos os planetas orbitam ao redor do Sol, dentro de nós as funções desempenhadas pelos planetas servem ao propósito do Sol.
Quando se quer tirar o poder de alguém, uma das maneiras mais fáceis é apagar seu brilho, impedindo seu Sol de se manifestar. Acabar com a autoestima, com a noção de autovalor, impedir a expressão de sua individualidade de maneira autêntica, fazer a pessoa desacreditar de si mesmo, tudo isso vai minando aos poucos a força e a motivação. Ao ter suas tranças cortadas, Rapunzel não só perdeu sua identidade, como também o poder de elevar os outros à sua torre.
Muitas vezes não damos atenção para o que pede nosso Sol, ou então delegamos para alguém a responsabilidade de preencher suas necessidades. Quando fazemos isso, damos para o outro também o poder de cortar as nossas tranças, ou de nos enganar e nos empurrar do alto da torre. Ficamos cegos, perambulando pela vida sem saber para onde estamos indo.
Assumir a nossa real identidade com todos os ônus e os bônus que isso pode acarretar é o que de mais precioso podemos fazer por nós mesmos. Nascemos para ser quem de fato somos, e não para ser uma imitação seja lá do que for. Expressar a nossa individualidade da melhor maneira possível é a nossa maior contribuição para a vida, e a fonte da maior gratificação que podemos receber. Ninguém é feliz tentando viver um enredo que não é o seu.
Comments