Cada um age de acordo com a sua natureza. No entanto, pode-se utilizar bem, ou não tanto assim, os atributos que se possui.
A fábula da tartaruga e da lebre ilustra isso muito bem. A confiança, rapidez, e otimismo da lebre poderiam indicar uma associação com os signos de fogo. Já a prudência, persistência, foco possuem relação com os signos de terra. Fogo é o elemento mais sutil, fugaz, com movimentos rápidos e ascensionais. Já Terra é o elemento mais denso, consistente, com ação lenta e descendente.
Naturalmente, cada elemento se expressa de uma maneira diferente, e terá mais afinidade com determinado tipo de atividades e de comportamentos. Uma pessoa que possua em sua carta uma predominância de elemento fogo poderá se inclinar para funções onde possa exercer liderança, autonomia, liberdade, onde haja sempre uma inovação e um movimento contínuo. Já naqueles em que predomina a terra, haverá a preferência por atividades que proporcionem segurança, estabilidade, constância, e que exijam paciência, foco e resistência.
Ocorre que a mesma chama que pode proporcionar a motivação, o impulso e a coragem, pode também levar a inconsequência, presunção, autoritarismo. A autoconfiança pode se tornar displicência, a autoestima pode mostrar-se como orgulho e vaidade, a pressa pode impedir que a tarefa seja concluída corretamente.
Da mesma forma, a persistência pode se tornar teimosia, a estabilidade levar a rigidez, a prudência confundir-se com o medo. A cobrança e a crítica podem fazer com que o trabalho seja concluído com muita competência, ou podem paralisar e bloquear qualquer iniciativa criativa.
Tudo depende de como utilizamos os recursos que temos. Em primeiro lugar, precisamos reconhecer essa nossa característica, para poder tirar dela o que de melhor tem a nos oferecer. Isso é fácil de perceber quando se trata de atributos físicos, logo percebemos que talvez não tenhamos a estatura compatível com um jogador de basquete, ou a agilidade e flexibilidade requeridas a um ginasta. São biotipos diferentes, e nos parece óbvio que cada padrão terá mais facilidade em determinadas atividades.
No entanto, isso não é tão claro para algumas pessoas quando se trata de traços comportamentais. Mas é exatamente a mesma relação, até porque cada elemento se expressa em todos os níveis da nossa existência, desde o mental, passando pelo emocional, até finalmente chegar no físico. Ou seja, nem todos tem a mesma habilidade para liderar, ou para expressar-se em público, ou para concluir uma tarefa extremamente monótona e que exija perícia, e assim por diante.
Cada pessoa tem seus talentos únicos, e é importante conhecê-los. Um brilhante pianista pode passar a vida frustrado, tentando competir com os demais no mundo corporativo. Um atleta pode sentir-se diminuído por não conseguir corresponder ao padrão intelectual do grupo com que convive. No entanto, são brilhantes em suas esferas, fazendo o que tem talento.
Mas, além disso, precisamos conhecer muito bem também a faceta mais complicada das nossas próprias características, pois tudo tem sempre os dois lados. Como já colocamos, uma virtude pode facilmente se transformar em um comportamento prejudicial quando sai do equilíbrio, quando pelo excesso ou pela falta distorcemos a manifestação dessa qualidade.
Na fábula, a lebre poderia ter utilizado a sua agilidade e autoconfiança para facilmente vencer a corrida, mas deixou a soberba tomar conta e foi negligente. Usou o excesso de elemento fogo de maneira distorcida. Já a tartaruga poderia ter ficado com medo, desânimo e pessimismo que são possibilidades de distorção do elemento terra, mas, ao invés disso, utilizou o melhor que esse elemento tinha a oferecer. Com paciência, persistência e foco, chegou a seu objetivo mesmo sendo muito mais lenta que a lebre.
Portanto, não se trata de como somos, mas sim daquilo que fazemos com o que somos!
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